Você tem notado certa dificuldade de seu / sua filho(a) para resolver problemas, compreender ideias abstratas, estabelecer relações sociais com os amigos, obedecer regras simples ou realizar tarefas do dia a dia? É importante se atentar e procurar ajuda médica, porque pode ser necessária uma investigação para confirmar um possível diagnóstico de Deficiência Intelectual Infantil.
Continue a leitura deste artigo e saiba detalhes sobre a Deficiência Intelectual (DI) em crianças, suas causas, seu diagnóstico e tratamento.
Conceito de Deficiência Intelectual Infantil
A Deficiência Intelectual se trata de uma condição que afeta as habilidades mentais gerais ainda no período de desenvolvimento e em duas áreas específicas: intelectual, incluindo aprendizado, julgamento e resolução de problemas, e adaptativo, que envolve as atividades cotidianas, como é o caso da comunicação, por exemplo.
E de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), ela é dividida em quatro níveis que variam de acordo com a gravidade das limitações dos comportamentos relacionados à adaptação: leve, moderado, agudo grave e profundo, o que é identificado após o pequeno completar ao menos três (nos casos graves), cinco anos de vida para que seja possível diferenciar a DI do atraso no desenvolvimento infantil no momento de confirmar o diagnóstico.
Anteriormente chamada de “retardo mental”, a DI adquiriu um estigma social indesejável, sendo utilizada como uma maneira de insultar e rebaixar alguém, mas esse déficit intelectual que engloba as partes cognitiva e comportamental não é classificado como um distúrbio médico ou de saúde mental.
Os pequenos que têm deficiência intelectual possuem um desempenho intelectual abaixo da média, o que pode limitar a capacidade de lidar com algumas questões sociais, conceituais e práticas, prejudicando suas habilidades de adaptação, por exemplo.
Entretanto, para que o diagnóstico seja confirmado, é necessário interpretar testes de inteligência (QI) contextualizando as dificuldades individuais de cada criança de um modo geral e com o auxílio de uma análise clínica, que igualmente depende de entrevistas com familiares, responsáveis e professores.
E nesse momento, são consideradas as seguintes áreas do funcionamento adaptativo:
- Conceitual – leitura, escrita, linguagem, raciocínio, conhecimento, memória e matemática;
- Social – habilidade para se comunicar, julgamento social, empatia e capacidades de seguir regras e de fazer e manter as amizades;
- Prático – independência e responsabilidades.
Causas da Deficiência Intelectual Infantil
A deficiência intelectual infantil pode ser desencadeada por uma variedade de quadros médicos, dentre os quais podemos destacar os que estão presentes no momento da concepção, durante a gravidez e antes e após o nascimento.
Concepção
- Anomalias cromossômicas, incluindo a Síndrome de Down;
- Distúrbios hereditários, como neurofibromatose, hipotireoidismo, síndrome do X frágil, entre outros.
Durante a Gravidez
- Subnutrição materna;
- Infecções virais, como HIV, citomegalovírus, herpes simples, rubéola, toxoplasmose;
- Consumo de toxinas, como álcool, chumbo e metilmercúrio;
- Pré-eclâmpsia e nascimentos múltiplos;
- Uso de medicamentos, como isotretinoína, valproato e fenitoína.
Durante o Nascimento
- Hipóxia ou falta de oxigênio;
- Prematuridade extrema.
Após o Nascimento
- Traumatismos cranianos graves;
- Infecções, como meningite e encefalite;
- Tumores cerebrais, bem como seus tratamentos;
- Negligência emocional grave ou abuso;
- Toxinas, como chumbo e mercúrio;
- Desnutrição.
Assim sendo, o fator comum entre todas as fases é algum processo que interfere no crescimento e desenvolvimento do cérebro.
Sintomas da Deficiência Intelectual Infantil
De acordo com o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), os sintomas apresentados incluem déficits funcionais, intelectuais e de adaptação nos quesitos conceitual, social e prático.
Logo, os pequenos que possuem déficits intelectuais podem não demonstrar muita familiaridade com algumas atividades, brincadeiras e até mesmo na vida escolar. Sem contar que é possível que tenham outros sintomas associados, tais como:
- Desenvolvimento motor tardio;
- Letargia e convulsões;
- Problema para se cuidar;
- Dificuldade de adaptação em diversos ambientes;
- Vômitos constantes;
- Distúrbios alimentares;
- Comprometimento da visão ou audição;
- Pouca interação social;
- Dificuldade em manter a coordenação motora;
- Falta de interesse pelas atividades propostas;
- Dificuldade na comunicação, fala e identificação de letras e palavras.
Além dos neurológicos, algumas crianças que apresentam DI podem sofrer com anomalias físicas, incluindo características faciais pouco comuns, como cabeça muito grande ou pequena, e deformidades nas mãos e nos pés.
Deficiência Intelectual Infantil – Tratamento
A deficiência intelectual infantil não tem cura, mas a intervenção precoce e contínua pode proporcionar um melhor funcionamento e uma boa qualidade de vida, por isso, deve ser iniciada assim que o diagnóstico é confirmado.
Dessa forma, geralmente, requer um tratamento multidisciplinar, ou seja, envolve médicos de diversas áreas, incluindo neuropediatras, terapeutas ocupacionais e de fala, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, educadores, clínicos gerais e assistentes sociais. E caso o médico responsável julgue necessário, outros especialistas podem fazer parte da equipe de atendimento.
Junto à família, que também é aconselhável que receba apoio para lidar com a situação, esses profissionais estabelecem um programa abrangente e individualizado para a criança, que deve ser iniciado assim que o diagnóstico é confirmado. Além disso, sempre precisam ser levados em consideração aspectos como as deficiências físicas, os problemas de personalidade e as habilidades interpessoais.
Sem contar que após a avaliação da causa da deficiência intelectual infantil e identificação dos pontos fortes e das necessidades específicas para adquirir novas habilidades, eles são destacados para que o pequeno consiga construir relacionamentos confiáveis com sua família.
Assim, a independência e a inserção em ambientes conhecidos ou comunitários também são estimulados no momento em que começam a desenvolver e manter a comunicação, mas sempre respeitando os limites e o tempo de cada criança.
Logo, um tratamento adequado pode proporcionar ao seu / à sua filho(a) uma melhor qualidade de vida. Por isso, ao menor sinal de DI, procure um médico especialista em Neuropediatria para que analise o quadro e faça as melhores recomendações.
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Artigo Publicado em: 10 ago, 2017 e Atualizado em: 07 de julho de 2022
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