A toxina botulínica tipo A é um dos fármacos mais interessantes desenvolvidos nos últimos anos, principalmente para o controle de diversas condições neurológicas. Neste artigo, vamos saber mais sobre o uso da toxina botulínica em crianças, para o tratamento de patologias.
Toxina Botulínica em Crianças
Esta potente neurotoxina produzida pela bactéria anaeróbica Clostridium botulinum é injetada localmente nos músculos, em doses adequadas, para ocasionar um bloqueio neuromuscular seletivo. Seu mecanismo de ação é a inibição da acetilcolina no terminal nervoso periférico, aliviando espasmos musculares oriundos de atividade neural excessiva.
Os estudos em humanos sobre o uso da toxina botulínica começaram nos Estados Unidos, em 1977, sob supervisão do “Food and Drug Administration” (FDA). Em dezembro de 1989, o uso da toxina em adultos e crianças acima de 12 anos de idade, foi aprovado por esta instituição, para tratamento de estrabismo e blefaroespasmo.
Indicações da Toxina Botulínica em Crianças
Após inúmeras pesquisas no campo da Neurologia, descobriu-se propriedades benéficas da toxina botulínica para diversos tipos de tratamentos médicos. E os benefícios da toxina botulínica contemplam também a Neuropediatria. Veja a seguir algumas indicações desta terapêutica:
Paralisia Cerebral
A paralisia cerebral pode ser definida como uma condição neurológica não progressiva
originada por uma lesão no encéfalo imaturo, que compromete os movimentos e a postura. A espasticidade (condição definida como o aumento do tônus muscular) está presente em 75% dos casos, sendo frequente entre as patologias infantis.
O tratamento com fisioterapia é o principal método para a redução do tônus muscular na paralisia cerebral. No entanto, a administração de fármacos como a toxina botulínica tipo A torna esse processo mais fácil, pois produz um relaxamento reversível na contração muscular.
Assim, por um período limitado de tempo, ocorre diminuição do tônus muscular e consequente melhora da amplitude de movimento das articulações, favorecendo o trabalho do fisioterapeuta.
Estrabismo
O uso da toxina botulínica no tratamento do estrabismo foi relatado pela primeira vez em 1973. Neste estudo, conduzido em modelo primata, a toxina botulínica produziu enfraquecimento transitório do músculo horizontal.
Na literatura científica, há diversos trabalhos sobre o uso da toxina botulínica para correção de estrabismo em crianças, com efeitos no alinhamento ocular, que variam de duas semanas a oito meses, dependendo da concentração injetada.
Sialorreia
A sialorreia é o aumento do fluxo salivar, de forma involuntária e passiva, devido a uma inabilidade de manuseio da secreção oral. Normalmente, tende a cessar após a fase de maturação da cavidade oral. Assim, quando permanece após essa fase, pode ser considerada patológica, podendo ocorrer devido a doenças neuromusculares, hipersecreção salivar e por alterações na anatomia bucal.
A injeção de toxina botulínica é uma das principais técnicas utilizadas no tratamento da sialorreia, pois seu mecanismo de ação reduz a secreção de saliva por meio da interrupção temporária dos estímulos nervosos que ativam a secreção salivar.
Uso da Toxina Botulínica em Crianças
Apesar de a FDA aprovar seu uso para maiores de 12 anos e poucas patologias, o uso da toxina botulínica vem sendo ampliado para crianças com menor idade.
É comum que, após repetidas aplicações, alguns pacientes, especialmente aqueles que receberam altas doses, desenvolvam resistência. Ou seja, as injeções subsequentes podem produzir menos efeitos, provavelmente devido à formação de anticorpos contra a toxina.
Os efeitos colaterais e as complicações da aplicação de toxina botulínica incluem a fraqueza excessiva em músculos adjacentes.
Por este motivo, é extremamente importante que o uso da toxina botulínica em crianças seja indicado e acompanhado pelo médico neuropediatra, para evitar complicações e otimizar a terapêutica desta substância.
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