Prematuridade refere-se ao nascimento do bebê antes da 37ª semana de gestação. No Brasil, cerca de 12-14% das crianças nascem prematuramente. Atualmente, estima-se que mais de 80% dessas crianças conseguem sobreviver, até mesmo quando a prematuridade é extrema, devido aos avanços constantes da medicina neste âmbito.
Contudo, os desafios dos bebês prematuros não se restringem à sobrevivência, ao ganho de peso e ao desenvolvimento de suas funções fisiológicas: entre 25 e 40% destas crianças poderão apresentar problemas comportamentais e transtornos de aprendizagem decorrentes de sua imaturidade orgânica.
Uma das principais preocupações com os bebês prematuros é o seu desenvolvimento neurológico, uma vez que o nascimento prematuro interrompe o processo de crescimento e evolução natural do cérebro dentro do útero.
Assim, fora da proteção do útero, o cérebro de um bebê prematuro é mais vulnerável a sequelas, que podem interferir nas capacidades funcionais, cognitivas e comportamentais da criança.
Prematuridade e TDAH
O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é uma síndrome caracterizada por distração, agitação, impulsividade, esquecimento, desorganização, entre outros sintomas.
Existe uma relação entre prematuridade e TDAH, uma vez que o nascimento prematuro é um fator de risco para o desenvolvimento do transtorno. Estudos indicam que os bebês nascidos entre a 23ª e a 28ª semana gestacional são os que apresentam maior tendência de desenvolver TDAH.
Alguns déficits e transtornos de aprendizagem podem ser desenvolvidos pelos bebês prematuros e perdurar até a vida adulta. Nem todos os prematuros desenvolvem TDAH, mas o fato é que o nascimento precoce afeta a maturidade do sistema nervoso central.
Prematuridade e TDAH – Fase Pré-Escolar
As anormalidades no desenvolvimento cognitivo e comportamental dos bebês prematuros, incluindo o TDAH, tornam-se evidentes geralmente na idade pré-escolar e escolar, quando torna-se necessária a prática de suas habilidades intelectuais, sociais e emocionais para um bom desempenho escolar.
Neste momento, percebe-se que a criança prematura pode apresentar um desempenho escolar inferior em relação ao das demais crianças. Além do TDAH, os prematuros estão mais expostos ao desenvolvimento de outros transtornos de aprendizagem, como a dislexia e a discalculia, por exemplo.
Assim sendo, os professores e educadores devem ter um olhar especial voltado às crianças prematuras em sua fase pré-escolar e início da vida escolar.
Pais, educadores e profissionais da saúde devem apoiar e estimular a criança, para que ela explore seu potencial ao máximo e se desenvolva de forma saudável, vivenciando sua fase escolar de maneira positiva.
Assim, o acompanhamento da criança prematura com o neurologista deve ser regular, e não apenas nos primeiros anos de vida. O neurologista infantil é capaz de detectar precocemente as alterações no desenvolvimento da criança e indicar as reabilitações necessárias para melhorar o desempenho da criança.
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572009000100007
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