Gagueira na Infância. Repetição de palavras ou sons; e falar pausadamente. Esses são alguns dos sintomas da gagueira, uma condição descrita como um distúrbio da fala e caracterizada pela repetição ou pelo prolongamento / demora ao emitir alguns sons (dependendo da região em que a fala for produzida, também há uma alteração no tempo de execução das sílabas, palavras e frases), interferindo na fluência (suavidade e facilidade com que os sons, por exemplo, são emitidos) e na comunicação da pessoa.

E por envolver o fluxo da fala, pode ser confundida com a fase de desenvolvimento oral da criança, que, inclusive, é o tipo de alteração mais comum da fala, a disfluência do desenvolvimento (atinge aquelas de 02 a 05 anos de idade).

Continue acompanhando este artigo para saber sobre as principais Causas da Gagueira na Infância, quais são os sinais característicos e dicas do que pode ser feito para conviver bem em uma situação como essa.

Causas da Gagueira na Infância

A gagueira é um tipo de distúrbio que não tem uma motivação exata para acontecer, mas pode ser desencadeada por algumas causas, tais como:

  • Genética: a ciência comprovou a presença de genes envolvidos no surgimento e na manutenção da gagueira, por isso, é comum haver mais de um membro da família com esse tipo de condição;
  • Condições médicas: pode ser desenvolvida após um AVC (Acidente Vascular Cerebral), lesões intracranianas (traumatismo craniano), pré, peri ou pós-natal, ou devido a outros problemas, como, por exemplo, a febre reumática;
  • Idade de início: crianças que começam a apresentar dificuldades na fluência (disfluência), aos quatro anos de idade, estão mais propensas a ter gagueira;
  • Social: se desenvolve quando a criança está inserida em um ambiente familiar ou escolar que facilite o quadro de gagueira. Um exemplo disso são os locais agitados, em que as pessoas falam muito rápido e de forma complexa para a faixa etária do pequeno, o que acaba impedindo-o de acompanhar o que está sendo dito.

Além disso, é importante destacar que os fatores emocionais (psicológico) podem ser agravantes, mas não os causadores da gagueira. O que pode acontecer é a criança ter fatores de risco não aparentes para o distúrbio e ao passar por um impacto emocional forte, começar a gaguejar.

Principais Sintomas da Gagueira na Infância

Como a gagueira pode ser confundida com a fase do desenvolvimento normal da fala e linguagem, em que há uma repetição no momento do aprendizado, por exemplo, é importante se atentar aos sinais que este tipo de distúrbio apresenta, que costumam ser:

  • Emissão de sons por um tempo maior do que o esperado. Ex.: “Pooode abrir a jjjjjaneeeela?”;
  • Bloqueio ou interrupção de sons, ou seja, a criança até abre a boca, mas não consegue falar no momento em que deveria;
  • Dificuldade para começar uma palavra, frase ou expressão;
  • Repetição de sons, palavras monossilábicas e sílabas;
  • Troca de palavras ao falar, logo, ao perceber que irá gaguejar com uma determinada palavra, o pequeno a troca por outra;
  • Uso frequente de interjeições;
  • Falar devagar ou pausadamente;
  • Simplificação das frases, já que tem uma limitação na capacidade de se comunicar eficazmente;
  • Apresentar ansiedade e tensão ao emitir uma palavra ou um som;
  • Ter medo de falar por causa das experiências vividas;
  • Movimentos motores involuntários, como tensão facial, tremor e piscar de olhos, por exemplo.

Disfluência Infantil x Gagueira na Infância

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Quando estão aprendendo a falar, as crianças enfrentam uma luta diária para elaborar frases cada vez mais complexas e em meio a esse processo são comuns questionamentos envolvendo a gagueira, mas os episódios podem ter relação com outra questão, a disfluência, que descreve a falta de fluência normal que acontece durante a fala.

Assim como ocorre quando estão excitadas, cansadas, chateadas ou falando rápido, e costumam aumentar, diminuir e desaparecer após algumas semanas ou meses sem necessidade de uma interferência externa.

E apesar de ser considerada uma condição normal e comum nos mais novos, principalmente em um ambiente em que estão expostos a múltiplos idiomas simultaneamente e aprendendo a se comunicar verbalmente ou adquirindo múltiplas habilidades, a disfluência tende a ser confundida e relacionada com a gagueira, porque é um distúrbio de fluência que dificulta a construção de uma fala suave e por causa das suas características que envolvem:

  • Incluir sons adicionais em uma frase;
  • Hesitar ao falar;
  • Repetir uma palavra inteira;
  • Revisar frases abandonadas ou incompletas;
  • Repetir uma frase inteira ou parte dela.

Ou seja, a gagueira apresenta uma disfluência semelhante, porém regular e com um nível de repetição mais alto em relação à disfluência normal ou típica da infância, que pode aumentar cada vez que a criança gagueja.

Gagueira e Seus Fatores de Risco

Se houver uma predisposição orgânica para gagueira, existem alguns fatores de risco que aumentam as chances de os pequenos a desenvolverem, como:

  • Atraso no desenvolvimento infantil;
  • Gagueira que persiste por mais de 06 meses;
  • Apresentar comportamentos secundários relacionados, tais como tensão física e desviar o olhar;
  • Histórico familiar;
  • Ser do sexo masculino, já que os meninos são os que mais têm chance de apresentar uma gagueira crônica;
  • Ter outros distúrbios da fala ou linguagem.

Formas de Lidar com a Gagueira

A gagueira não tem cura, mas com o tratamento, há uma eficácia de 90% a 100% ao ser iniciado logo após as primeiras manifestações dos sintomas. Porém, se houver uma demora, as chances de obter resultados positivos diminuem, assim como as da remissão total do quadro. Quando isso ocorre, pode haver interferência tanto na vida pessoal quanto profissional, causando possíveis frustrações e insatisfações na fase adulta.

E também não há formas de preveni-la, mas é possível impedir a sua evolução por meio do diagnóstico e da intervenção precoces, dificultando que esta condição se desenvolva para um quadro crônico e se estenda até a idade adulta.

Logo, é importante tomar alguns cuidados ao lidar com o pequeno, conforme podem conferir a seguir:

  • Aceitem-no como é;
  • Separem um tempo para conversarem, sem distrações e ouvindo-o com atenção, lembrando-se de manter a calma enquanto falam de forma devagar, mas fluida e natural com ele;
  • Incentivem os familiares a serem pacientes e bons ouvintes;
  • Por mais que queiram ajudá-lo, não o interrompa enquanto estiver falando;
  • Estimulem-no a conversar sobre assuntos fáceis e que sejam do seu agrado;
  • Criem ambientes descontraídos, tranquilos e relaxados;
  • Evitem abordar sobre a gagueira no dia a dia e,
  • Não reajam negativamente quando ele gaguejar, já que se trata de uma ação involuntária e intermitente.

E se ainda assim tiverem dúvidas em relação ao diagnóstico, a melhor forma de auxiliar a criança no dia a dia, as informações que podem ser passadas à escola e aos familiares, e o tipo de tratamento e acompanhamento mais adequados para o seu / sua filho(a), procure o médico especializado em Neuropediatria para que conversem sobre esses assuntos e outros que possam estar preocupando-os.

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Artigo Publicado em: 15 de outubro de 2020 e Atualizado em: 24 de novembro de 2022

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